Por: Beatriz Nassar
Faz 10 anos que a Primavera Árabe assolou o Oriente Médio com a promessa de um futuro mais democrático, tragicamente inatingido. Em 2021, o Mundo Árabe ainda sente os impactos econômicos, sociais e políticos do fracasso dessa movimentação popular histórica, que também afetou o comércio exterior da região.
O que foi a Primavera Árabe?
A Primavera Árabe foi um movimento que se iniciou através de reivindicações populares pelo fim dos regimes autocráticos do Egito, da Líbia, da Tunísia, do Iêmen e da Síria. A agitação tomou proporções revolucionárias quando um jovem tunisiano ateou fogo ao próprio corpo durante uma passeata em 2010, dando início a uma série de levantes em prol da instalação de democracias.
Apesar da esperança que a Primavera Árabe trouxe à população do Oriente Médio que clamava pelo fim das autocracias, apenas o governo da Tunísia passou por um processo de democratização efetivo, enquanto as demais nações que tomaram parte na movimentação foram assoladas por instabilidade e sérios prejuízos socioeconômicos.
Por que a Primavera Árabe ainda é uma sombra nas condições socioeconômicas do Oriente Médio?
Os levantes populares contra os governos vigentes do Egito, da Líbia, da Tunísia, do Iêmen e da Síria tiveram consequências que perduram até a atualidade. Ao passo que o Egito e a Líbia foram submetidos a novas ditaduras, as crises humanitárias do Iêmen e da Síria configuram-se como as maiores do século XXI.
Como consequência, o período posterior à Primavera Árabe foi marcado pelo aumento da dívida externa das nações participantes, por uma alta instabilidade macroeconômica e por uma piora considerável na qualidade de vida da população local.
Qual foi o impacto da Primavera Árabe nas exportações do Oriente Médio?
Os governos das nações afetadas pelos impactos da Primavera Árabe têm tomado medidas protecionistas, como o aumento dos impostos sobre a importação de bens de consumo e o controle de trocas comerciais. Tais políticas econômicas prejudicam o comércio exterior da região, pois dificultam a entrada do mercado estrangeiro em território árabe.
Em 2013, a União Europeia deu início a um projeto que busca acelerar a liberalização das economias do Oriente Médio através dos Deep and Comprehensive Free Trade Agreements (DCFTAs) em resposta à Primavera Árabe. Os tratados estão em negociação há 6 anos e fazem parte da Deauville Partnership, uma iniciativa do G8 que propõe apoiar a transformação da Tunísia e de seus vizinhos em “sociedades livres, democráticas e tolerantes”. Considerando que 80% das exportações tunisianas já são direcionadas à União Europeia, a proposta tem encontrado resistência no Mundo Árabe, posto que pode intensificar ainda mais sua dependência ao Ocidente, agravando as dívidas externas da região.
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